Download Festival - Day 2 - Donington Park 10/6/2012: Oh Yeah!
Acordamos as 10:00 achando que já estava tarde, pois ainda tínhamos que ir ao centro de Derby para resolver algumas questões, não resolvemos quase nada, mas como o tempo estava quase acabando (pensávamos que iríamos perder bandas importantes) tínhamos que correr pro festival.
Chegamos por volta das 12:30 e tava naquele naipe do Sonisphere de 2010 (vide post), lama pra todo lado, puta que pariu, foi foda!! O dia passou todo nublado, não caiu uma gota d´água (tinha chovido ontem) e ainda assim tava aquele lamaçal. Na verdade não era bem um lamaçal, tava mais pra barro com cara de bosta mesmo, enfim, um típico festival europeu em um parque. O ponto positivo é que lá fora nesses shows tem muito mais gostosa que um semelhante no Brasil.
O dia custou a passar, tendo eu inclusive surtado em uma crise de pânico e sentido uma vontade imensa de estar em casa, no Brasil, ou em qualquer lugar que eu pudesse chamar de casa naquela altura, mas inexiste em minha vida.
Acho que isso aconteceu logo após o show do Steel Panther, uma bandinha tosca que o Away se amarra. Os putos só falam de sexo, peitos, bundas, fodas, groupies e essas merdas, se vestem como o Poison só pra zuar. Não tenho saco pra esse tipo de humor, já o Away passa mal!
O interessante desse tipo de episódio (nervous breakdown) é que ele sempre muda a vida de uma pessoa. Fui caminhando em direção a saída do parque, desejando, inclusive, não assistir ao Metallica (ainda bem que mudei de idéia), quando, de repente, um cara olha pra mim e me dá o dedo, dei de ombros e não me importei muito. Ele veio em minha direção e percebeu meu rosto em frangalhos de tristeza, pediu desculpas, foi estranho, mas eu me senti um pouco melhor...
Daí o cara tentou conversar comigo, mas ele tava completamente wasted, mesmo assim me fez companhia por um bom tempo, as vezes me abraçava e dizia aquelas coisas típicas de bêbado como: "man, I really liked you!". Ele falou sobre a vida dele, o quanto tava com saudades da namorada, que tratava ela muito mal e coisas do gênero, que tinha saído pra dar um rolé e de repente parou ali, no Download Festival (fico de cara, eles não têm a menor noção da magnitude da parada, talvez por isso façam tanta merda num festival como esse), falou que matou um cara a facadas na saída de um pub mas ninguém nunca descobriu, enfim, resumiu a vida toda dele naquela hora que ficou do meu lado.
O momento cômico da parada aconteceu quando eu fiquei com vontade de mijar e falei pra ele indo em direção as britas (o parque fica dentro do autódromo de Donington), ele perguntou se eu ia mijar ali, pra todo mundo ver, eu disse "of course I am, like I´m gonna be arrested for this!". Ele morreu de rir e disse que eu podia sim ser preso, mas ele também tava apertado, daí foi pra trás de uma lixeira pequena e tentou se esconder embaraçosamente enquanto mijava, comédia! Já eu fiquei ali, em pé pra todo mundo ver, mijando na brita (e eu nem tava bêbado, se estivesse tinha mandado um walking pee!). Ou seja, Metal, toda vez que tu tiver vendo Fórmula 1 no GP de Donington lembre-se, em uma dessas britas o Mr. Sweet deu um mijão!! Hahahahahahahahahaha...
Enfim, o maluco que se chamava Dom (que nome de mafioso! Já pensou, Don Dom?!) perguntou se devia ir embora (isso depois de me chamar umas 10 vezes pra tomar umas em algum pub por ali com ele), eu disse pra ele ficar e assistir ao Metallica, mas ele disse que estava muito bêbado pra conseguir curtir (ele também perguntou de onde eu era umas 5 ou 6 vezes) e que estava com saudades da namorada, a viagem pra casa dele era longa (tipo umas 6 ou 8 horas de busão) e nesse tempo ele melhorava da birita.
Eu olhei fundo nos olhos dele e disse: Man, go to her, tell her you love her and make the best sex ever, right? Ele sorriu, disse que eu havia salvado a vida dele e foi embora tropeçando. Me pergunto, será que ele seguiu meu conselho? Dúvido muito! Hahahahaha...
Desci de volta pra Arena e me encontrei com o Away, no local e horário combinados, minha empolgação para assistir ao Metallica aumentou exponencialmente. Fomos comer algo e, como é de praxe da minha parte em shows internacionais andar com uma bandeira do Brasil amarrada como uma capa, várias pessoas gritavam num sotaque "Braziiiillllllll" e alguns conterrâneos também, encontramos 3 bêbados de São Paulo discutindo futebol, putz, me explica como o cara sai do Brasil, gasta uma grana fudida pra ir num show desses e ainda fica bêbado e acaba perdendo o show ou sequer lembrando?! Nem o Away é louco desse tanto!! Se bem que o Away é músico, então ele não vai fuder com a possibilidade de ver os ídolos dele por causa das drogas, ou vai?!
O engraçado é que passou uma mina vestida de pokemon (tinham várias dessas figuras, muito estranho, homens, mulheres, crianças, velhos, todos vestidos de bichinhos, pokemons ou coisas do gênero) verde e amarelo. Os bêbados gritaram "Brasil, Brasil, Brasil!!" e acabamos tirando uma foto todos nós, essa deve estar perdida por aí em algum facebook genérico da vida.
Após algumas bandas veio o Tenacious D (a banda do ator Jack Black) que mais parece um dos filmes dele só que musical (tipo "Escola do Rock") e não um show, onde o ápice é um pavão em forma de rôla gigante com asas e inflável, ocupando todo o palco. Iniciamos nossa peregrinação em direção ao palco no caminho, graças, novamente, a bandeira brasileira fizemos amizade com uns bolivianos que também estavam lá por causa do Metallica. Pouco antes de terminar o show de uma bandinha emocore escocesa chamada Biffy Clyro onde os teens simplesmente tiveram orgasmos múltiplos, nós fomos rumando pra frente do palco com um objetivo claro em mente, tentar chegar na grade.
Chegamos cerca de cinco metros da grade e pensamos, essa molecada vai vazar quando acabar esse lixo daí a gente chega lá, afinal de contas, quem gosta de emocore não vai gostar dos tiozões do Metallica, não é mesmo?! Triste engano, Metallica é mesmo universal, a banda acabou e ninguém saiu do lugar, tava todo mundo querendo ver o Metallica!!! E pra piorar, cada vez chegava mais gente querendo ficar na grade, e eu pensava "FUDEU! Ainda falta uma hora e meia pro show, eu sei que ficar a 5m da grade é bom pra caralho, mas como será que isso aqui vai estar daqui 1h30min??".
A coisa só foi ficando mais feia, toda hora um filho da puta vinha surfando na galera e metaleiro como é gente boa, vai levando o idiota até a grade, mas isso foi ficando mais intenso, pensei que na hora do show eu não conseguiria ver nada se continuasse assim!
Os minutos foram passando lentamente, o espaço que cabia 2 pessoas passou a caber 1, daí passou a caber 0,5, de 0,5 passou pra 0,25, quando chegou em 0,12 eu surtei, virei pro Away e disse, pra mim chega, vou lá pra trás, e as pessoas continuavam a vir sobre nossas cabeças e ainda faltava 1 hora pro show começar, não dava mesmo!! Me conformei e pensei "antes lá atrás e vivo do que sufocado aqui e sem ver nada!!"
O engraçado, ou seria irônico, ah, sei lá, é que eu me afastei da grade cerca de 2,5m para trás e 5m para a direita e foi simplesmente mágico, voltei a um lugar que 2 pessoas cabiam com um certo conforto e continuava perto do palco, PERFEITO!!
Agora era questão de esperar e esperei, esperei, esperei, prestei atenção nas pessoas próximas e tinha um cara chegando numa coroa que tava com a filha de 15 aninhus e o amigo farofa dela. Depois de prestar atenção por uns 20 minutos o cara olhou pra mim com cara de cachorro sem dono e disse: I'm sorry if I ofended you.
Os europeus são muito educados, o cara tava pedindo desculpas porque achou que na conversa dele ele tinha dito algo que havia me ofendido, quando eu era que devia ter pedido desculpas por fuxicar a conversa alheia, isso sim! Eu não entendi e perguntei: Why are you apologizing for dude?". Dai ele explicou que é porque eu tava olhando pra ele com uma cara de quem tava puto. Hahahaha! Então foi minha vez de pedir desculpas, pois não estava puto, mas sim concentrado tentando entender o que eles conversavam (como se diria no Nordeste, seu inxirido!!), ele ficou feliz daí fiz um novo amigo, consegui cigarros até o fim do show por conta disso.
A espera foi longa, o Metallica atrasou uns 20 minutos e aquela 1h20min de espera pareceu um mês inteiro!! A lama já havia endurecido e assim como no Sonisphere, o sol estava lindo no horizonte, quando as primeiras imagens e acordes de The Ecstasy of Gold surgiram nos campos de Donington. Era mais ou menos 22:00.
Eles iniciaram o show com Hit the Lights, diferente do protocolo padrão que geralmente começa com Creeping Death, achei insano e a multidão enlouqueceu. Novamente, assim como em 2010, eu não consegui tirar os olhos dele, James Hetfield, lead singer, rhythm guitar, the perfect frontman, James é puro amor!
Após Hit the Lights James falou (engraçado, o cara é tão carismático que me leva a crer que ele é meu brother, tipo o Metal e o Away): "So, Metallica brought the sun, right?". Sim, a maior banda do mundo tem esse poder, tá aquela chuva do caralho e pouco antes deles subirem no palco, até o Sol faz questão de assistí-los (foi assim no Sonisphere em 2010 também, mas acho que as semelhanças acabam por aqui).
Os hits iam passando, Master of Puppets, For Whom the Bell Tolls e eu surtando, quando tocaram The Four Horsemen tive orgasmos múltiplos, tipo uma mina, puro tesão. Cantava todas, e o legal de estar na Inglaterra é que todo mundo cantava junto, uma massa de metalligroupies em uníssono. Só não cantei To Hell and Back porque não conhecia, apesar da música ser excelente, faz parte de um EP lançado após o Death Magnetic chamado Beyond Magnetic.
Daí veio o momento mais esperado da noite, o Away já tinha me avisado que o Black Album (pra quem não sabe, o Black Album completou 20 anos e o Metallica fez uma série de shows tocando ele na íntegra pra comemorar, afinal esse disco redefiniu a história da música como a conhecemos) seria tocado de trás pra frente, tipo 666. A orquestra do início de The Struggle Within ainda martela na minha cabeça e meus pêlos se arrepiam só de lembrar, no telão um vídeo com cenas da loucura que foi o lançamento do Black Album, milhares de pessoas dormindo em filas durante dias para garantir sua compra, pra serem os primeiros a escutar a obra prima do Metallica, a Mona Lisa, a Pietá, a Capela Sistina da música contemporânea.
Hoje em dia só vemos esse tipo de atitude em eventos consumistas da Apple, não mais por ideais, não mais por música, não mais por arte, enfim, isso merece um post a parte. O vídeo seguiu mostrando trechos de A Year and a Half in the Life of Metallica enquanto a orquestra continuava anunciando que The Struggle Within estava por vir, perfeito! O processo de gravação, o lançamento, a turnê, o metal se tornou mainstream graças ao Metallica e o Black Album, uma banda não poderia ter o nome mais perfeito para conseguir essa façanha.
O engraçado é que desde 1995, quando eu fui no meu primeiro show de rock (Phillips Monster's of Rock, no estádio do Pacaembu em 2 de setembro de 1995) eu nunca mais tinha visto uma loucura como aquela, mas em Donington foi assim, a massa de mais de 150.000 pessoas completamente hipnotizada.
A sequência do Black Album seguiu juntamente com Kirk Hammet desfilando suas guitarras lindas, Lars Ulrich fazendo seu feijão com arroz insosso que todos conhecemos (e o Metal odeia), Robert Trujillo apagado mas competente e a estrela James Hetfield conduzindo o espetáculo. Em My Friend of Misery James dividiu a platéia em duas metades e fez cada uma cantar um corinho diferente e complementar, na hora não sabia se tinha ficado bom, pois só conseguia ouvir a minha parte da multidão, mas ao escutar a gravação percebi a genialidade musical de Hetfield, ficou perfeito!
Em The God That Failed ele tocou a música inteira na lateral do palco, exatamente de frente para onde eu estava, esse foi o momento mais tiete da minha vida, se eu fosse mulher dava pro James, mais puro amor!!
Acordamos as 10:00 achando que já estava tarde, pois ainda tínhamos que ir ao centro de Derby para resolver algumas questões, não resolvemos quase nada, mas como o tempo estava quase acabando (pensávamos que iríamos perder bandas importantes) tínhamos que correr pro festival.
Chegamos por volta das 12:30 e tava naquele naipe do Sonisphere de 2010 (vide post), lama pra todo lado, puta que pariu, foi foda!! O dia passou todo nublado, não caiu uma gota d´água (tinha chovido ontem) e ainda assim tava aquele lamaçal. Na verdade não era bem um lamaçal, tava mais pra barro com cara de bosta mesmo, enfim, um típico festival europeu em um parque. O ponto positivo é que lá fora nesses shows tem muito mais gostosa que um semelhante no Brasil.
O dia custou a passar, tendo eu inclusive surtado em uma crise de pânico e sentido uma vontade imensa de estar em casa, no Brasil, ou em qualquer lugar que eu pudesse chamar de casa naquela altura, mas inexiste em minha vida.
Acho que isso aconteceu logo após o show do Steel Panther, uma bandinha tosca que o Away se amarra. Os putos só falam de sexo, peitos, bundas, fodas, groupies e essas merdas, se vestem como o Poison só pra zuar. Não tenho saco pra esse tipo de humor, já o Away passa mal!
O interessante desse tipo de episódio (nervous breakdown) é que ele sempre muda a vida de uma pessoa. Fui caminhando em direção a saída do parque, desejando, inclusive, não assistir ao Metallica (ainda bem que mudei de idéia), quando, de repente, um cara olha pra mim e me dá o dedo, dei de ombros e não me importei muito. Ele veio em minha direção e percebeu meu rosto em frangalhos de tristeza, pediu desculpas, foi estranho, mas eu me senti um pouco melhor...
Daí o cara tentou conversar comigo, mas ele tava completamente wasted, mesmo assim me fez companhia por um bom tempo, as vezes me abraçava e dizia aquelas coisas típicas de bêbado como: "man, I really liked you!". Ele falou sobre a vida dele, o quanto tava com saudades da namorada, que tratava ela muito mal e coisas do gênero, que tinha saído pra dar um rolé e de repente parou ali, no Download Festival (fico de cara, eles não têm a menor noção da magnitude da parada, talvez por isso façam tanta merda num festival como esse), falou que matou um cara a facadas na saída de um pub mas ninguém nunca descobriu, enfim, resumiu a vida toda dele naquela hora que ficou do meu lado.
O momento cômico da parada aconteceu quando eu fiquei com vontade de mijar e falei pra ele indo em direção as britas (o parque fica dentro do autódromo de Donington), ele perguntou se eu ia mijar ali, pra todo mundo ver, eu disse "of course I am, like I´m gonna be arrested for this!". Ele morreu de rir e disse que eu podia sim ser preso, mas ele também tava apertado, daí foi pra trás de uma lixeira pequena e tentou se esconder embaraçosamente enquanto mijava, comédia! Já eu fiquei ali, em pé pra todo mundo ver, mijando na brita (e eu nem tava bêbado, se estivesse tinha mandado um walking pee!). Ou seja, Metal, toda vez que tu tiver vendo Fórmula 1 no GP de Donington lembre-se, em uma dessas britas o Mr. Sweet deu um mijão!! Hahahahahahahahahaha...
Enfim, o maluco que se chamava Dom (que nome de mafioso! Já pensou, Don Dom?!) perguntou se devia ir embora (isso depois de me chamar umas 10 vezes pra tomar umas em algum pub por ali com ele), eu disse pra ele ficar e assistir ao Metallica, mas ele disse que estava muito bêbado pra conseguir curtir (ele também perguntou de onde eu era umas 5 ou 6 vezes) e que estava com saudades da namorada, a viagem pra casa dele era longa (tipo umas 6 ou 8 horas de busão) e nesse tempo ele melhorava da birita.
Eu olhei fundo nos olhos dele e disse: Man, go to her, tell her you love her and make the best sex ever, right? Ele sorriu, disse que eu havia salvado a vida dele e foi embora tropeçando. Me pergunto, será que ele seguiu meu conselho? Dúvido muito! Hahahahaha...
Desci de volta pra Arena e me encontrei com o Away, no local e horário combinados, minha empolgação para assistir ao Metallica aumentou exponencialmente. Fomos comer algo e, como é de praxe da minha parte em shows internacionais andar com uma bandeira do Brasil amarrada como uma capa, várias pessoas gritavam num sotaque "Braziiiillllllll" e alguns conterrâneos também, encontramos 3 bêbados de São Paulo discutindo futebol, putz, me explica como o cara sai do Brasil, gasta uma grana fudida pra ir num show desses e ainda fica bêbado e acaba perdendo o show ou sequer lembrando?! Nem o Away é louco desse tanto!! Se bem que o Away é músico, então ele não vai fuder com a possibilidade de ver os ídolos dele por causa das drogas, ou vai?!
O engraçado é que passou uma mina vestida de pokemon (tinham várias dessas figuras, muito estranho, homens, mulheres, crianças, velhos, todos vestidos de bichinhos, pokemons ou coisas do gênero) verde e amarelo. Os bêbados gritaram "Brasil, Brasil, Brasil!!" e acabamos tirando uma foto todos nós, essa deve estar perdida por aí em algum facebook genérico da vida.
Após algumas bandas veio o Tenacious D (a banda do ator Jack Black) que mais parece um dos filmes dele só que musical (tipo "Escola do Rock") e não um show, onde o ápice é um pavão em forma de rôla gigante com asas e inflável, ocupando todo o palco. Iniciamos nossa peregrinação em direção ao palco no caminho, graças, novamente, a bandeira brasileira fizemos amizade com uns bolivianos que também estavam lá por causa do Metallica. Pouco antes de terminar o show de uma bandinha emocore escocesa chamada Biffy Clyro onde os teens simplesmente tiveram orgasmos múltiplos, nós fomos rumando pra frente do palco com um objetivo claro em mente, tentar chegar na grade.
Chegamos cerca de cinco metros da grade e pensamos, essa molecada vai vazar quando acabar esse lixo daí a gente chega lá, afinal de contas, quem gosta de emocore não vai gostar dos tiozões do Metallica, não é mesmo?! Triste engano, Metallica é mesmo universal, a banda acabou e ninguém saiu do lugar, tava todo mundo querendo ver o Metallica!!! E pra piorar, cada vez chegava mais gente querendo ficar na grade, e eu pensava "FUDEU! Ainda falta uma hora e meia pro show, eu sei que ficar a 5m da grade é bom pra caralho, mas como será que isso aqui vai estar daqui 1h30min??".
A coisa só foi ficando mais feia, toda hora um filho da puta vinha surfando na galera e metaleiro como é gente boa, vai levando o idiota até a grade, mas isso foi ficando mais intenso, pensei que na hora do show eu não conseguiria ver nada se continuasse assim!
Os minutos foram passando lentamente, o espaço que cabia 2 pessoas passou a caber 1, daí passou a caber 0,5, de 0,5 passou pra 0,25, quando chegou em 0,12 eu surtei, virei pro Away e disse, pra mim chega, vou lá pra trás, e as pessoas continuavam a vir sobre nossas cabeças e ainda faltava 1 hora pro show começar, não dava mesmo!! Me conformei e pensei "antes lá atrás e vivo do que sufocado aqui e sem ver nada!!"
O engraçado, ou seria irônico, ah, sei lá, é que eu me afastei da grade cerca de 2,5m para trás e 5m para a direita e foi simplesmente mágico, voltei a um lugar que 2 pessoas cabiam com um certo conforto e continuava perto do palco, PERFEITO!!
Agora era questão de esperar e esperei, esperei, esperei, prestei atenção nas pessoas próximas e tinha um cara chegando numa coroa que tava com a filha de 15 aninhus e o amigo farofa dela. Depois de prestar atenção por uns 20 minutos o cara olhou pra mim com cara de cachorro sem dono e disse: I'm sorry if I ofended you.
Os europeus são muito educados, o cara tava pedindo desculpas porque achou que na conversa dele ele tinha dito algo que havia me ofendido, quando eu era que devia ter pedido desculpas por fuxicar a conversa alheia, isso sim! Eu não entendi e perguntei: Why are you apologizing for dude?". Dai ele explicou que é porque eu tava olhando pra ele com uma cara de quem tava puto. Hahahaha! Então foi minha vez de pedir desculpas, pois não estava puto, mas sim concentrado tentando entender o que eles conversavam (como se diria no Nordeste, seu inxirido!!), ele ficou feliz daí fiz um novo amigo, consegui cigarros até o fim do show por conta disso.
A espera foi longa, o Metallica atrasou uns 20 minutos e aquela 1h20min de espera pareceu um mês inteiro!! A lama já havia endurecido e assim como no Sonisphere, o sol estava lindo no horizonte, quando as primeiras imagens e acordes de The Ecstasy of Gold surgiram nos campos de Donington. Era mais ou menos 22:00.
Eles iniciaram o show com Hit the Lights, diferente do protocolo padrão que geralmente começa com Creeping Death, achei insano e a multidão enlouqueceu. Novamente, assim como em 2010, eu não consegui tirar os olhos dele, James Hetfield, lead singer, rhythm guitar, the perfect frontman, James é puro amor!
Após Hit the Lights James falou (engraçado, o cara é tão carismático que me leva a crer que ele é meu brother, tipo o Metal e o Away): "So, Metallica brought the sun, right?". Sim, a maior banda do mundo tem esse poder, tá aquela chuva do caralho e pouco antes deles subirem no palco, até o Sol faz questão de assistí-los (foi assim no Sonisphere em 2010 também, mas acho que as semelhanças acabam por aqui).
Os hits iam passando, Master of Puppets, For Whom the Bell Tolls e eu surtando, quando tocaram The Four Horsemen tive orgasmos múltiplos, tipo uma mina, puro tesão. Cantava todas, e o legal de estar na Inglaterra é que todo mundo cantava junto, uma massa de metalligroupies em uníssono. Só não cantei To Hell and Back porque não conhecia, apesar da música ser excelente, faz parte de um EP lançado após o Death Magnetic chamado Beyond Magnetic.
Daí veio o momento mais esperado da noite, o Away já tinha me avisado que o Black Album (pra quem não sabe, o Black Album completou 20 anos e o Metallica fez uma série de shows tocando ele na íntegra pra comemorar, afinal esse disco redefiniu a história da música como a conhecemos) seria tocado de trás pra frente, tipo 666. A orquestra do início de The Struggle Within ainda martela na minha cabeça e meus pêlos se arrepiam só de lembrar, no telão um vídeo com cenas da loucura que foi o lançamento do Black Album, milhares de pessoas dormindo em filas durante dias para garantir sua compra, pra serem os primeiros a escutar a obra prima do Metallica, a Mona Lisa, a Pietá, a Capela Sistina da música contemporânea.
Hoje em dia só vemos esse tipo de atitude em eventos consumistas da Apple, não mais por ideais, não mais por música, não mais por arte, enfim, isso merece um post a parte. O vídeo seguiu mostrando trechos de A Year and a Half in the Life of Metallica enquanto a orquestra continuava anunciando que The Struggle Within estava por vir, perfeito! O processo de gravação, o lançamento, a turnê, o metal se tornou mainstream graças ao Metallica e o Black Album, uma banda não poderia ter o nome mais perfeito para conseguir essa façanha.
O engraçado é que desde 1995, quando eu fui no meu primeiro show de rock (Phillips Monster's of Rock, no estádio do Pacaembu em 2 de setembro de 1995) eu nunca mais tinha visto uma loucura como aquela, mas em Donington foi assim, a massa de mais de 150.000 pessoas completamente hipnotizada.
A sequência do Black Album seguiu juntamente com Kirk Hammet desfilando suas guitarras lindas, Lars Ulrich fazendo seu feijão com arroz insosso que todos conhecemos (e o Metal odeia), Robert Trujillo apagado mas competente e a estrela James Hetfield conduzindo o espetáculo. Em My Friend of Misery James dividiu a platéia em duas metades e fez cada uma cantar um corinho diferente e complementar, na hora não sabia se tinha ficado bom, pois só conseguia ouvir a minha parte da multidão, mas ao escutar a gravação percebi a genialidade musical de Hetfield, ficou perfeito!
Em The God That Failed ele tocou a música inteira na lateral do palco, exatamente de frente para onde eu estava, esse foi o momento mais tiete da minha vida, se eu fosse mulher dava pro James, mais puro amor!!
Encontrem o cabeça na gravação, eu tava pouco a frente do cameraman!!
Foi mais ou menos após esse momento que eu achei que meu show ia estragar, quatro adolescentes bêbados se aproximaram e começaram a esbarrar, dei uns totós na perna de um que virou pra trás e quando viu minha cara de puto pediu um zilhão de desculpas (isso nunca aconteceria no Brasil), ao final da música já estávamos todos abraçados gritando "and nothing else matteeeeeeeeersssss....". Ainda mais puro amor que apenas o Metallica é capaz de proporcionar, no fim cantamos várias músicas juntos e me ofereceram cigarros e birita, se fosse uma prisão eu seria o rei!
Não sei em qual música foi ao certo, se Wherever I May Roam ou The Unforgiven que ela surgiu, cabelos entre o ruivo e o castanho claro, olhos azuis, bem branquinha, cerca de 1,80m, magrela, meu número, sorridente, cantando todas, mochilinha nas costas, jaqueta de couro azul royal, calça jeans, primeiro ficou na minha frente, depois do meu lado, e tome Holier Than Thou (minha favorita do disco), ela sorria, pulava, cantava e eu lá babando.
James grita a já tradicional frase: "Do you want heavy? 'Tallica gives you heavy, baby!!" E começam os acordes de Sad But True. Kirk e sua Jackson Randy Roads do capeta chamam minha atenção (claro que um olho na Jackson e outro na mina do meu lado).
Pausa antes de finalizar a obra prima, James no centro do palco é puro amor e carinho, ele grita: "Do you feel what I feel Donington? Do you really feel what I feel? It's great to be with 'Tallica's family here tonight!". Ele faz coro com o público que enlouquece e corresponde a altura. Foi aí que eu gritei Enter Sandman!! E começaram os primeiros acordes, algumas pessoas ao meu lado gritaram: "Oh my God, how did you know that?". Pensei com meus botões, não é necessário ser nenhum gênio pra isso!!
Nessas horas é que descobrimos o real poder de Enter Sandman, a mina do meu lado enlouqueceu, MESMO! Pulava, gritava, cantava, e então veio a parte mais emocionante, quando James gritou o último "Take My Hand" e ambos esticamos as mãos, ela agarrou na minha mão e olhou fundo no meu olho cantando junto. Esse é aquele momento que eu devia ter dado uma de tosco e lascado um beijo na mina, mas, não fiz e fiquei com o rosto dela na memória, foi perfeito!
A banda saiu do palco e retornou para o bis, um pouco diferente do tradicional já que não teve a tradicional música cover, mas finalizando com Seek and Destroy.
Acho que é isso, depois do show encontrei o Away no lugar combinado, ambos destruídos, ambos sem voz e ambos querendo chegar logo na porcaria do albergue pra dormir e encarar o terceiro dia de Download Festival.
Line-up do segundo dia:
As I Lay Dying
Saxon
Black Veil Brides
Trivium
Steel Panther
Tenacious D
Biffy Clyro
Metallica
Setlist do Metallica:
Hit the Lights
Master of Puppets
The Four Horsemen
For Whom the Bell Tolls
To Hell and Back
The Struggle Within
My Friend of Misery
The God that Failed
Of Wolf and Man
Nothing Else Matters
Through the Never
Don't Tread on Me
Wherever I May Roam
The Unforgiven
Holier Than Thou
Sad But True
Enter Sandman
Encore:
Battery
One
Seek and Destroy
Não se esqueçam: God save the Queen!
Comentários